Após o célebre consumo de alegria do
carnaval, nos resta mergulhar, principalmente por ser ano eleitoral,
pelo íntimo dos brasileiros. Acredito que há um sentimento
desconfortável no que tange a condução do processo político-social, a
resguardar, claro, os níveis de esclarecimento e as, importantíssimas,
ideologias. Esses métodos são, exaustivamente, utilizados pelos poderes
executivo e legislativo, em todas as suas esferas. Trata-se de uma
questão óbvia, aonde interpretações consolidadas sobre o verdadeiro
papel de quem se apropria da representação popular, afincam sob a
impraticabilidade.
Em foco, sob uma interessante abordagem, o
cargo de vereador, apesar de fomentar em países como Portugal e
Moçambique, atividades de cunho executivo, é de total importância, no
Brasil, por se responsabilizar em apurar e expor problemas da comunidade
a buscar providências junto aos órgãos competentes e, sobretudo, pela
relação acomadrada e pouco distante para com o povo. Infelizmente, no
retrato da política brasileira atual, inspirado na elitista República
Velha (1889-1930) – regime precursor após a monarquia – reflete,
circunstancialmente no legislativo, um assistencialismo covarde que
logra duma insuficiência político-educacional de eleitores e potenciais,
carentes, também, do investimento educacional, conclamado em coro. Em
paralelo, no sentido contrário, os detentores do poder, obstinados,
teimam em desajudar. Salvo exceções, não unanimo tais eventos na
política.
CAÉM, nossa terra de encantos mil, famosa pelo poder de
conquistar os visitantes, sofre muito com isso. Se seguirmos um lógico
raciocínio é, extremamente, fácil construir a ideia de que o voto
atraído pelo poder pecuniário e/ou material exige estratégias
simplórias, de fácil execução. É a regra do mercado, quem tem, leva!
Eleições e capitalismo, juntinhos, no mesmo palanque e “arrastão”. Este
modelo se consolidou, e, “políticos e eleitores” conjecturam-se sagazes.
Pobres impressões.
Outras práticas merecem comentários. O que
dizer das alianças INCONDICIONAIS entre prefeitos e vereadores, será que
estes exercem livremente a função, ímpar, de fiscalizar o executivo?
Ouvimos muitas justificativas, sempre evasivas, aquelas típicas que
surgem a partir de perguntas irrespondíveis, a elas: vocês não conhecem a
prática; na teoria é fácil; e, finalmente, a resposta clássica e
confidencial, não há como um vereador se manter sem as “ajudinhas” do
executivo. É isso mesmo, enquanto os encabrestados pagam as contas dos
supostos eleitores, os oposicionistas, vendados, difamam, sem
pestanejar, as boas ou más ações do prefeito. De novo, salvo,
digníssimas, exceções.
Alheia a estas informações, escancaradas
nas atitudes e depoimentos, a comunidade tende a viver incapacitada de
produzir uma, simples, análise e identificação de quem, realmente, pode
nos representar. Assim, continuaremos degustando a nossa sina, a
usufruir de um modelo atrofiante, que, compra votos, ilude o cidadão,
retroage a cultura e, por fim, esfacela a autoestima de uma grande
população. Grande ano a todos! Afinal, aqui o ano só se inicia após o
carnaval.
Por Rafael Muricy.rafacaem@yahoo.com.br