Entre percalços
esclarecidos pelo momento, Caém se vê, em meio a um de seus setembros tradicionalmente
mornos, agitado, pelos grandes eventos eleitoreiros; e temeroso pelas
potenciais definições que a pouco acontecerão. Admito-me admirado pelo retrato
atual dessa “política” – como tradicionalmente são definidos, em nossa Caém, os
períodos eleitorais –.
Adentrando na disputa,
muitos relatos merecem ressaltos. Tradicionalmente, independendo das
classificações desses dois candidatos, tampouco de onde e quando vieram, o
afunilamento das campanhas eleitorais de nossa terra, sempre se caracterizou pelo
vigor de suas competições, contudo, em momentos atuais, não absorvemos
características diferentes, Edgar Moreira e Arnaldinho Oliveira, figuras
tarimbadas, exclusivamente pelos sobrenomes tradicionais que carregam, se
arremetem aos desafios estimulados de um para o outro. Disputa forte,
estimulante, me arrisco até defini-la como questão de honra para ambos.
O desenho deste
desafio que os dois agarraram, define-se pela pobreza de popularidade, porém,
como de costume em nossa medíocre sociedade, o fenômeno da “obrigatoriedade” de
tomar partido e, principalmente, o pecuniarismo tratou de resolver à
problemática, e as tendências populares, como propõe a física, procuraram
seguir em circunstancias vetoriais. Vejo de forma clara a existência das
chamadas rejeições e, fixando neste fundamento, parte considerável do
eleitorado se decide pela incompatibilidade, por motivos variados, ao candidato
opositor – inexiste, de ambos os lados, uma militância espontânea, fenômeno
facilmente explicado pelo fraco histórico político-ideológico dos dois atuais
pleiteadores do executivo Caenense.
A fotografia sintética
– num esclarecimento misturado aos fatos contemporâneos – dessas eleições, a
faltar quase 20 dias para a definição do pleito, se mostra surpreendente. A
princípio, sem a presença de um simples opositor e, aparentemente, detendo o
controle da maioria da população, Edgar Moreira, tinha o caminho livre para se
consolidar a mandatário do município de Caém, entretanto, após turbulentas
negociações, regadas a desentendimentos segmentados, a oposição, na marra,
formou, no último momento, uma improvisada chapa majoritária, constituída por
Arnaldinho Oliveira e o jovem Bruno, grande cara, de futuro, confuso as vezes,
mas a quem tenho grande admiração. Assim, ao caminhar inicialmente neste
contexto, com as cartas na mesa, começou um jogo, a princípio, pré-decidido,
mas, por falta de habilidade da situação, emparelhou.
Como características,
temos muitas, em somente dois candidatos. Os prefeituráveis, detêm
personalidades infinitamente opostas, sinto que isto definiu o crescimento
súbito do grupo opositor, fenômeno ocorrente nestes últimos meses da eleição.
Moreira age com honestidade transbordante e reage com muitos excessos; Oliveira é calculista e
pensa muito antes falar e/ou agir. Ao seguir este raciocínio, podemos moldar e
reconhecer o caminho a que tomou esta disputa. Para se estabilizar no mundo obscuro
e complexo da política, principalmente em momentos de conquista, é necessário a
pratica da arte teatral, e, nessas intermináveis cenas conjugais, o candidato
deve sempre interpretar o “mocinho”.
Pra encerrar, defino
esta eleição “traiçoeira”, porém com um simples desequilibrador: o prefeito
atual, que mesmo com sua administração pouco inspirada, imediatista e desprovida
de ações visionárias, seu estilo político, enfeitiçou o povo Canenense. Pra
isso não vemos explicações, temos fatos. À luta Caenenses!