Como é minúsculo o poder das instituições, comparado ao das
massas mobilizadas. A observar o quanto estas manifestações, alimentadas pelo
vigor de uma geração pré-caracterizada pela passividade, reproduzem sua
insatisfação com tudo, podemos atentar-nos para nossa realidade, nossa vida,
nossos problemas e soluções.
Por algum razoável tempo nos declinamos, apenas, às causas individuais,
exclusivamente às que incomodam nosso convívio íntimo familiar. Avistamos
insurreições mundo afora com o ar de inveja, de acomodação. Pois sim, em algum
momento a nação plural, tracejada pelas imunidades político-sociais acordaria.
E de fato acordamos. Inicialmente sob a narração fascista de muitos jornalistas
e cientistas políticos “independentes” – como um certo Marco Antônio Villa,
historiador paulista e colunista da soteropolitana Rádio Metrópole, quando
descreveu, logo de inicio, em um de seus
comentários a conceituada rádio, o movimento e os manifestantes como “criadores de problemas e grupelhos de extrema
esquerda”, respectivamente (OUVIR COMENTÁRIO) – tentando a todo custo
enfraquecer e diminuir os embaraços sofridos pela multidão, despejada, a
priori, nas ruas de São Paulo.
Essa nossa mídia, e muitos de seus intelectuais, como o
supracitado Villa, – rodeada de interesses e acordos – foi vencida pela real democracia da internet.
A espontaneidade disseminadora foi sagaz, pura, agindo como imã nas ruas.
Daí, defronte aos fatos, fotos e gritos das multidões cada
vez maiores, atropelando suas ideologias (se é que existem) e/ou
personalidades, todos se debruçaram em favor do povo, cuspindo exaltantes comentários,
iluminados pela febre do populismo. Caracterizaram o NOVO lado da imprensa do
Brasil, como o novo relato do mesmo Villa, apenas ao caminhar oito dias do
desaforo supracitado e assinado pelo próprio (OUVIR COMENTÁRIO).
“O povo acordou”! Bradam – Incrível a diversidade de
interpretações que os interessados diretamente têm, mediante o encontro desses
interesses (totalmente individualistas).
Em suma, o que vale realmente é sabermos induzir uns aos
outros à direção dum futuro próximo digno, como simples cidadãos brasileiros,
sem precisar maquiar um patriotismo que, por si só, não condiz com os exageros
artificiais, contextualizados, fria e cinicamente, pela hipocrisia burguesa e
seus pariceiros. É difícil, mas vale muito a pena romper os inúmeros obstáculos
– principalmente os camuflados –, nos reconhecer como humildes integrantes de
um coletivo e seguir o caminho da integração mútua nas ruas.
Todos nós temos missões individuais, porém, elas só se
concretizarão com a luta unificada de todos os verdadeiros brasileiros.
Rafael Muricy
rafaelmuricy@rocketmail.com