domingo, 4 de agosto de 2019

Por que devemos mudar?





Quem é caenense e tem pelo menos cinquenta anos saberá mais exatamente de que se trata este texto. O efeito desejado nao é atacar pessoas, líderes, cidadãos corajosos, tampouco grupos e famílias como as pioneiras que colaboraram para o nascer e o caminhar do nosso município e da nossa sociedade. Pelo contrário, o que se faz necessário, principalmente se tratando de um momento tao difícil como esse, nem só para Caém, mas para o Brasil e até para o mundo, é elucidar os fatos relevantes e como se deu e ainda se dá a sina de nossa terra desde antes de sua emancipação em 1962. 

O vetor principal que nos elevou a qualidade de município politicamente independente, sem sombras de dúvida, além dos nossos potenciais naturais e do amor pela terra dos que aqui viviam naqueles tempos que beiravam a ditadura, na prática, foi a instalação da estação ferroviária pela extinta Empresa Leste Brasileira, que aqui foi representada por um engenheiro francês a quem é depositado inclusive o que se consolidou o nome oficial de Caém, Henrique de Brutelles. Este fato nos colocou na rota do ouro e das veias brasileiras da comunicação, do progresso e das ideias que consequentemente nos levariam a modernidade. 

Ninguém adivinharia, obviamente, que pouco duraria essa rota e o projeto ferroviário do Brasil. O modelo rodoviário foi instaurado e oficializado na primeira década dos 21 anos de regime militar, as linhas férreas gradualmente foram a minar e vinha a surgir embalado pelas grandes montadoras automobilísticas que financiavam a indústria nacional e por consequência as rodovias. No entanto, é verdade que tudo isso, pouco, a nao ser para dar contexto ao inicio de nossa história, tem a haver com o que aconteceu paralelamente na vida política e social de nossa estimada terrinha. 

Nao posso, por isso, de comparar o fim - pelo menos até aqui - que levou o prédio mais simbolicamente importante de Caém, talvez sendo a Estaçao Ferroviária, um de seus principais pontos turísticos e históricos, com a situação calamitosa do município 57 anos após sua emancipação. Ambos, a Antiga Estaçao e Caém (o caenense interessado pode literalmente certificar-se) se encontram em estado crítico e há décadas sofrem com os problemas criados, acima de tudo, infelizmente, pelo nosso modelo de gestão publica utilizado. 

Dizer que nao tivemos evoluções é um erro, porém, se resumem a alguns elementos que o próprio tempo sugeriu, como o aumento da população na sede proporcionado pelo crescimento das famílias e pelo êxodo rural. O surgimento, por consequência, dos loteamentos e o aumento do perímetro urbano, o que gerou uma superficial elasticidade e variação do comercio (por mais degradado que ainda seja), mas sem poder suficientemente conter a também evolução do desemprego, o que elevou ainda mais a pobreza que colaborou para aparecer a violência e a criminalidade que assusta o nossa tradicional tranquilidade. 

Por sua vez, as involuçoes durante este tempo, que é o contrario de evolução, para nossa infelicidade, foram muito maiores, e têm como um de seus elementos mais recentes a redução de nossas terras em meados de 2oo5, o qual nos subtraiu, além de boa parte de nosso território rural, recursos naturais e financeiros que a partir daí aprofundou uma crise econômica e social que há muito tempo nos machuca. Outro elemento causador desta crise iniciou-se antes, ainda no princípio da década de 9o, quando por insensibilidade ambiental veio à tona a precarizaçao do Rio Caém por meio da poluição do solo e descuido das suas nascentes, provocando já como indicio, a posterior eliminação da agricultura ribeirinha, que foi até aí uma das nossas principais atividades econômicas e geradoras de emprego e renda.

Para juntar as causas e consequências destas duas baixas identificadas, que pelo menos só em parte, mesmo que significativa, aconteceram por negligencia do poder publico caenense e dos seus governantes, sendo por passividade, incompetência e/ou omissão, acrescenta-se o perverso modelo de centralização e personalização da gestão publica instaurada em Caém desde a década de 196o, sendo que a cada década completada este sistema se aprofundara como fonte de manutenção e perpetuação de poder em detrimento da miséria e sofrimento do povo.

Em todas estas décadas, a levar em conta que ainda estamos sob este modelo, sofremos um terrível ataque de centralização publica tanto dos instrumentos de produção quanto dos empregos e meios de vida. É fácil observar que nao houve, para escândalo do leitor, NENHUMA medida por parte dos nossos governantes que oferecesse real autonomia e que libertasse a comunidade caenense das amarras e dos favores que sempre sao dados em troca de apoio eleitoral. Esta centralização nao foi e nem é a toa, e se engana redondamente os que acham que elas existem e sao deliberadas por benevolência e pureza dos nossos homens públicos, dotados do espirito de solidariedade e caridade crista. Ao contrario, os motivos sao maquiavélicos e perversos, levando nossos líderes ao ponto extremo, por serem apenas reprodutores destas políticas e tao facilmente se entregarem aos vícios do poder, de nem perceberem a gravidade de suas açoes. 

Acoes essas que causam, cruamente, entre outros males, o estrangulamento dos potenciais meios produtivos, escassez de conhecimento técnico e profissional, falta de oportunidades, fuga principalmente de jovens, aprofundamento das necessidades básicas de sobrevivência, avanço da miséria e da pobreza das famílias, evolução do assistencialismo, personalização do poder transformando falsamente prefeitos em "PAIS DOS POBRES", toma lá da cá que só beneficia uns em detrimento da quase todos, geraçao de "dívidas" morais impagáveis, se aproveitando da honestidade e gratidão dos canenses e, enfim, escravizaçao do direito sagrado da democracia, o voto.


Caém deve mudar pelos caenenses que com a cara e a coragem tiveram que fugir da humilhaçao e da falta de oportunidades; e pelos canenses da zona rural e urbana que nunca sairam de Caém e seguem em luta diaria a pesar desta velha política que se traduz em bola de ferro acorrentada aos pés de cada caenense criativo e trabalhador.  Leia-se: HÁ UM FUTURO QUE DEVEMOS ACREDITAR!


Por: Nova Frente Caenense - NFC