Luz dum futuro aglomerado
O palco do líquido pujante
Bem no ventre de um vale dotado
Águas puras em volume
Rio de lágrimas humildes
Pedras casadas ou amantes
Beleza variada
Mato de musgo crescente
Cobertura de terra nativa
Alimento da vida escassa
Caminhos de flor colorida
Atmosfera gritante
O tempo imune das nuvens
Aconchego da água e das pedras
Atraiu mulheres e homens
Rica, fértil, de nutrientes embebida
Veio os agricultores, antes do povo mineiro
Do governo os projetistas
Da demanda os construtores
Do embalo os comerciantes
As ideias dum engenheiro estrangeiro
Já tinha a capela
Que por ordem mudou de vista
Virou igreja moderna
Estaçao no horizonte
Ar desenvolvimentista
Veias paralelas
Uma era a linha férrea
A outra já parecia pista
Entre elas, espremida
Nossa principal arteria
Pulsante e a mais viva
Se criou o povoado
De querer se fez vila
Ao pensar em ser cidade
O povo se viu emancipado
De um lado a vista da serra
Debaixo a ferrovia
Do outro o calor do morro
A serpente por entre o roçado
em forma de rodovia
Nas costas de ambos os lados
Desprezado
Nosso Rio agonizaria
Ana Rosa disse
Enquanto a nossa igreja Matriz
Fosse virada para este lado
Caém nao desenvolveria
E a natureza proclama
Com ela nao há hipocrisia
Se nao virarmos de frente pro rio
Nosso bem mais sagrado
Teremos de vida poucos dias
rafael muricy